segunda-feira, 22 de abril de 2024

Dia Mundial da Terra - 22 de abril - Planeta vs. Plásticos

 No dia 22 de abril é celebrado o Dia Mundial da Terra, Earth Day 2024: Planet vs. Plastics.  Neste 54º ano(desde 1970) Dia da Terra, o tema central é a poluição plástica e como ela ameaça a vida na Terra. A campanha visa diminuir em até 60% o uso de plásticos até 2040. Dentre os principais objetivos desta campanha está:

  • Conscientização ampla da população mundial dos impactos da poluição plástica com a promoção da literacia ambiental
  • Eliminação progressiva dos plásticos descartáveis;
  • Acabar com o uso de plásticos em prol da saúde humana e planetária;
  • Apoiar  inovação em alternativa aos plásticos convencionais.


    O uso de plástico na sociedade contemporânea é quase onipresente. Basta imaginar você entrando em um supermercado para fazer suas compras mensais habituais e poderá perceber que a maioria dos itens vem embalados em plásticos ou são colocados em sacolas plásticas. Agora mude este exercício mental para a compra de um eletrônico, por exemplo, certamente esse eletrônico virá embalado em material plástico. Isso acontece também com outros artigos de consumo como roupas e medicamentos. Sempre teremos um plástico acompanhando nossas compras, por sua versatilidade, durabilidade e principalmente pelo baixo custo na sua produção. Todavia, esse uso exagerado de materiais plásticos traz implicações ambientais, sociais e econômicas. 
    Temos ilhas de plásticos nos oceanos, micro plásticos são ingeridos por organismos aquáticos, podendo acumular-se em seus tecidos ao longo dos tempos e sendo transferidos nas cadeias alimentares para níveis tróficos mais elevados chegando até os seres humanos, onde podem causar inflamações intestinais, danos aos órgãos e potencial transferência de material tóxicos com risco para saúde humana e para os ecossistemas.
    A questão do uso de plásticos pela sociedade é complexa e multifacetada, mas é necessário uma abordagem sobre a sustentabilidade do planeta e os impactos negativos do uso de plástico para buscar soluções viáveis.
    O descarte inadequado dos plásticos tem causado uma crise global de poluição ambiental. Nem mesmo a economia circular, pela reciclagem, tem sido feita de forma eficiente, o que levanta preocupações sobre o futuro do nosso planeta. 
    Para lidar com estes desafios, muitas iniciativas estão surgindo no mundo atual, sendo necessário a redução da produção e a conscientização do consumo. Promover a literacia ambiental pode ser o início de uma "desplastificação" planetária.

O que significa promover a literacia ambiental?

Significa incentivar e capacitar pessoas a compreenderem e se envolverem ativamente nas questões ambientais, fornecendo conhecimento e habilidades para entender a interconexão dos sistemas naturais e encorajando atitudes e comportamentos que levem a ações em prol da preservação do ambiente. 
Construir uma sociedade mais consciente  e responsável em relação a preservação dos recursos naturais visando a sustentabilidade do planeta para as futuras gerações.

Existem várias ações que indivíduos, comunidades, empresas e governos podem tomar para reduzir o uso de plásticos e combater a poluição plástica. Aqui estão algumas delas:
  • Optar por produtos reutilizáveis no lugar de descartáveis;
  • Fazer a separação do lixo para que a reciclagem de plásticos seja adequada, diminuindo a quantidade de material plástico que acabam indevidamente em lixões e aterros;
  • Participar de campanhas de limpezas de praias, rios, parques e áreas públicas para remover plásticos de outros materiais do ambiente;
  • Cuidar do "seu quadrado". Se cada indivíduo cuidar do seu espaço, teremos um todo mais preservado.
  • Incentivar as industrias a adotar práticas sustentáveis (ESG);
  • Reduzir o consumo de produtos embalados com plásticos;
  • Trocar utensílios domésticos com o consumo consciente de embalagens;
  • Dar preferencia a cozinhar refeições a base de plantas.
    Escolha uma alimentação vibrante: do campo para o prato, deixe de lado o enlatado e o embalado e abrace o frescor e a vitalidade de tudo o que é plantado!


quarta-feira, 20 de março de 2024

A Água nos Une, o Clima nos Move

O tema proposto pela Agência Nacional de Saneamento Básico (ANA),  na Jornada da Água 2024 em 31 de Janeiro, para o Dia Mundial da Água (22 de março) e o restante do ano, destaca a interconexão entre  recursos hídricos e mudanças climáticas: A Água nos Une, o Clima nos Move. É essencial entender o significado por trás dessa afirmação e como ela impacta nossa vida diária e o futuro da humanidade.



1. Importância da água e do clima

  • Água: A água é um recurso vital para todas as formas de vida na Terra, sem água não existe vida! É ela que sustenta os ecossistemas, promove a saúde humana e impulsiona a produção de alimento e energia.
  • Clima: O clima determina padrões de temperatura, precipitação e outros elementos atmosféricos que afetam diariamente a vida no planeta. Mudanças climáticas podem resultar em efeitos extremos, como secas, enchentes, tempestades, impactando negativamente comunidades, economias e ecossistemas.

2. Interconexão entre água e clima:

  • Mudanças Climáticas influenciam a disponibilidade, qualidade e distribuição da água. Por exemplo, o derretimento das calotas polares e geleiras afeta o nível dos oceanos e a disponibilidade de água doce. Em 2023 observamos secas na Amazônia, fortes tempestades no Sul do Brasil e uma maior incidência de altas temperaturas no planeta. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), 2023 foi o ano da série histórica mais quente no Brasil.
  • Por sua vez, o uso da água, especialmente na agricultura e na produção de energia, pode influenciar as mudanças climáticas. O desmatamento, por exemplo, reduz a capacidade dos ecossistemas de absorver carbono, provocando uma mudança violenta nos índices pluviométricos e na distribuição de chuva. O aumento da temperatura e a diminuição das chuvas podem provocar secas severas e influenciar na sazonalidade sobre as plantas, animais e seres humanos.  

3. Consequências das mudanças climáticas e da gestão inadequada da água:

  • Escassez hídrica: Mudanças climáticas podem agravar a escassez de água em regiões já vulneráveis, levando ao estresse hídrico e  levando a conflitos por recursos.
  • Risco à saúde: A qualidade da água, a poluição, a falta de investimento e a degradação dos mananciais pode resultar no aumento do risco de doenças. No Brasil, proliferação de vetores, como o mosquito Aedes aegypti e, em consequência, o aumento das arboviroses como a dengue e a zica e chicungunya. Também podemos ter a expansão da malária e da leishmaniose. É necessário uma mudança de gestão estratégica para tomadas de decisões eficazes neste sentido. Governança com responsabilidade social e ambiental.  
  • Impactos econômicos: Eventos climáticos extremos, como os observados nos últimos anos, podem levar a secas prolongadas ou enchentes, devastar a agricultura, causar perdas econômicas significativas e elevar o custo de vida da sociedade. 

4. A importância da ação coletiva:

  • Reconhecer a interconexão entre água e clima para desenvolver estratégias eficazes de adaptação e mitigação. É preciso um olhar sistêmico para as condições sociais, econômicas e ambientais para tomada de decisões assertivas tanto governamentais quanto pela própria população.
  • A cooperação entre todos os entes envolvidos nos diferentes setores são essenciais para enfrentar os desafios relacionados à agua e ao clima.
  • Investimento em infraestrutura, práticas agrícolas sustentáveis e política de gestão integrada de recursos hídricos são fundamentais para garantir a segurança hídrica e mitigar os riscos em relação as mudanças climáticas no país. 

5. Educação e sensibilização:

  • A educação é um fator determinante para a sensibilização ambiental. Somos parte de um todo, porém esse TODO é maior do que a soma das partes. É urgente incentivar práticas sustentáveis de consumo e conservação sincronicamente.
  • Aumentar a conscientização é uma ação coletiva para enfrentar desafios complexos. Promover ações coletivas e individuais visando o desenvolvimento de hábitos e atitudes sustentáveis para as gerações presentes e futuras reconhecendo a interdependência entre recursos hídricos e mudanças climáticas: "A água nos Une, o clima nos Move." 

6. Sugestões de atividades para trabalhar o tema em sala de aula, dentro de uma abordagem interdisciplinar:

  • Debate sobre políticas de gestão de recursos hídricos e mudanças climáticas: Divida a classe em grupos e peça para que cada grupo pesquise e apresente diferente políticas governamentais ou iniciativas de gestão de recursos hídricos e adaptação às mudanças climáticas em diferentes partes do mundo. Após as apresentações, promova um debate em sala de aula sobre as abordagens mais eficazes e os desafios enfrentados na implementação dessas políticas.
  • Simulação de cenários climáticos e seus impactos na disponibilidade de água: Utilize ferramentas online ou softwares de simulação para criar cenários climáticos que representem diferentes níveis de mudanças climáticas, como aumento da temperatura, alterações nos padrões de precipitações, etc. Alguns documentários, reportagens, gráficos e  filmes podem ser usados para ampliar a percepção dos alunos em relação as mudanças climáticas. Peça aos alunos que analisem e discutam como essas mudanças afetariam a disponibilidade de água em diferentes regiões e quais seriam os impactos socioeconômicos e ambientais resultantes.
  • Explore os recursos hídricos nas redondezas: Aulas de campo são excelentes para identificar e propor mudanças de hábitos que não são sustentáveis. Visite estações de tratamento de água, manguezais, praias, lagos e lagoas e analise os impactos ambientais causado pelas atividades urbanas ao redor.
  • Cada lugar tem sua especificidade: Adapte o tema de acordo com a necessidade ou mesmo mediante a curiosidade da comunidade; promova discussões e ações a partir do interesse da turma.
  • Cada disciplina pode trabalhar o tema dentro do seu foco: Esse tema perpassa por todas as disciplinas. Por exemplo, em Língua Portuguesa pode-se trabalhar a interpretação de texto ou a elaboração de textos e projetos a respeito do tema. Já em Matemática, cálculos de volumes e proporções, análise e leitura de contas de luz e água ajudam na expansão do tema. Arte, Geografia, História e Educação Física estão diretamente conectadas a este tema. O caminho para  a educação ambiental multifacetada envolve uma abordagem holística que engloba tanto a conscientização individual quanto a ação coletiva.
  • Proporcione oportunidade para que as pessoas adquiram conhecimentos sólidos sobre ecologia, biodiversidade, recursos naturais, mudanças climáticas e outros temas ambientais relevantes. Isso pode ser feito por meio de aulas, workshops, materiais educativos elaborados pela própria comunidade e experiências práticas no campo.
  • Promova a adoção de práticas de vida sustentáveis que reduzam o impacto ambiental, como economia de energia, redução de resíduos, uso responsável da água, saneamento básico, transporte sustentável, alimentação consciente, entre outros.
Por meio de uma abordagem abrangente e colaborativa, a educação ambiental pode desempenhar um papel fundamental na construção de uma sociedade mais consciente, responsável e sustentável em relação ao meio ambiente. 

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Desvendando a Maré Vermelha: Fenômeno que provavelmente provocou intoxicação de mais de 400 pessoas entre o Litoral Norte de Alagoas e Pernambuco esta semana

Nesta quarta-feira(31/01), entre os municípios de Maracaípe e Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco(PE) e na quinta-feira (01/02) na Praia de Carro Quebrado, em Barra de Santo Antônio, no Litoral Norte de Alagoas(AL), centenas de pessoas apresentaram sintomas de intoxicação possivelmente por um fenômeno conhecido como Maré Vermelha ou Floração de Algas Nocivas(FAN). Dentre os sintomas relatados estão: enjoo, diarreia, dores no estômago, tremores,  irritação na pele, obstrução nasal, coriza, tosse e dor na garganta. 

A Maré Vermelha é um fenômeno natural que desperta interesse e preocupação, provocado pelo crescimento excessivo e descontrolado de algas microscópicas (Floração de Algas Nocivas) que fazem parte do plâncton marinho. Na maioria das vezes esta floração ocorre por algas do tipo dinoflagelados, que pertence a divisão das algas pirrófitas. O nome deriva do grego Pyrrhophyta, que significa da cor de fogo, devido a cor avermelhada. Além dos dinoflagelados, algas cianobactérias e diatomáceas também podem causar este fenômeno. Portanto,  não necessariamente a Maré Vermelha é vermelha, o fenômeno pode variar sua coloração entre tons que vão do vermelho ao marrom. A proliferação destas algas podem produzir toxinas prejudiciais a vida marinha e, em alguns casos, para os seres humanos.

Causas:

As causas da Maré Vermelha são multifacetadas e incluem fatores ambientais, como condições climáticas favoráveis (temperatura, salinidade e luminosidade), nutrientes excessivos na água (eutrofização) e alterações nos padrões de circulação oceânica. A poluição e o aquecimento das águas também podem contribuir significativamente no aumento e intensidade deste fenômeno. 

Toxinas:

  • Uma das principais toxinas liberadas pelos dinoflagelados é a saxitoxina, são toxinas com alta neurotoxidade; outras toxinas podem ser o ácido ocadáico e as dinofisistoxinas que podem causar diarreia.
  • As toxinas produzidas pelas algas podem ser levadas pelo ar através dos respingos das ondas e do vento (maresia) e causar os sintomas, mesmo que a pessoa não tenha entrado no mar.
  • Animais filtradores como ostras e mariscos podem sobreviver ao fenômeno da Maré Vermelha e, posteriormente, transportar as toxinas, contaminando a cadeia alimentar, inclusive o homem. Deve-se evitar a ingestão destes animais durante algumas semanas nas regiões onde o fenômeno foi registrado
  • O consumo de peixes contaminados também deve ser evitado.

Impactos Ambientais e Econômicos:

Os impactos da floração de microalgas são amplos e variados. Com a proliferação destas algas, ocorre a diminuição da luminosidade necessária para a fotossíntese no local afetado. A água com pouco oxigênio compromete a vida aquática, causando a mortalidade de organismos marinhos por asfixia. A Maré Vermelha pode causar intoxicação em seres humanos e as toxinas liberadas podem contaminar os "frutos do mar", representando um risco para saúde humana e para a indústria pesqueira e turística. 
Felizmente estes fenômenos são raros no litoral alagoano, e dura cerca de 3 dias para dissipação. Aqui em Alagoas, o IMA-AL isolou a praia de Carro Quebrado e está monitorando o local. A Prefeitura recomendou evitar ir a praia ou tomar banho de mar nas proximidades. Outra recomendação é para que banhistas observem a coloração e o odor da água do mar.


Monitoramento e Mitigação

O principal ambiente afetado pelo fenômeno são os estuários (locais onde as águas doces de rios e córregos fluem até o oceano e se misturam com a água salgada do mar), portanto o monitoramento contínuo pelos órgãos ambientais das condições oceânicas e a detecção precoce destes surtos de Maré Vermelha são essenciais para implementar medidas de mitigação e proteção da saúde pública e dos ecossistemas marinhos. Para tanto, é necessário a colaboração entre as comunidades locais, pescadores, banhistas, cientistas e autoridades governamentais.
Por ser um fenômeno complexo e dinâmico, apenas um estudo integrado e multidisciplinar poderá esclarecer o fato ocorrido esta semana.

Curiosidade: 

A Maré Vermelha é um exemplo de Amensalismo, relação ecológica interespecífica e desarmônica, pois a floração das algas responsáveis prejudicam o desenvolvimento de outros organismos, podendo leva-los à morte.