quarta-feira, 3 de junho de 2020

Percepção pós-pandemia de Covid-19: Conseguiremos nos reconectar?

    O ano de 2020 já entrou para história como o ANO DA PANDEMIA do vírus SARS-CoV 2 ou Covid-19. Ela já faz parte da história da humanidade como uma das grandes tragédias que assolaram a espécie humana. Nos livros de História,  grandes tragédias marcam determinados anos e são relatadas aos futuros habitantes do planeta como fatos narrativos ou interpretativos. Certamente que o Coronavírus será citado como um vírus que assolou o mundo em 2020 deixando um rastro triste em todos os continentes de milhares de mortos. 


    Esta história  não será narrada, escrita e reescrita apenas em livros didáticos de História, ela estará nos relatos das famílias em várias gerações, nos sites de pesquisas atualizados diariamente, nas coberturas de imprensa registrados com riqueza de detalhes, nos anais da ciência contemporânea, como um FATO a ser pesquisado para que a humanidade nunca mais  possa perder tantos em tão pouco tempo.
    Na Semana Mundial do Meio Ambiente "temos todo o tempo do mundo"(afinal estamos em quarentena) para refletirmos sobre o que o Futuro nos reserva... Como será o mundo pós-pandemia?

    Prevemos que nos livros de Psicologia, Psiquiatria, Filosofia ou Sociologia esta Pandemia será destacada como um divisor de água na FORMA dos seres humanos se relacionarem.

     Somos seres sociais, mas em tempo de Coronavirus fomos bruscamente separados,  colocados em quarentena, em isolamento social, em Lockdown. Será este o novo normal? Que marcas terá deixado em nós esta Pandemia? Teremos grandes Shows ou aglomerações em teatros fechados? Aprenderemos a ser solidários e usar a máscara sempre que tivermos infectados por um vírus de sintomas gripais? 

    Universidades de todo o mundo farão "Estudos de Casos"  com os sobreviventes ou com os dados coletados  e questionarão se fomos capazes de realizar de forma assertiva os "testes, testes, testes..." 
se o tratamento foi o mais correto aos doentes mais graves. Para tanto, ouvirão os  relatos dos sobreviventes, analisarão as necrópsias (minimamente invasivas) feitas nos corpos dos pacientes, diagnosticados de Covid e que vieram a óbito. Matéria e material para estudos futuros teremos aos montes: vírus "in vitro", fotografado quadro a quadro, esquematizado, formatado com sua ação simulada em 3D. A Ciência dará um salto forçado dada a urgência epidemiológica. 

    Há uma nova corrida humanitária e sanitária  às vacinas. Estas,  que andavam sendo questionadas e banalizadas por alguns integrantes da sociedade, serão compulsoriamente cobradas para este novo mundo. 

    O fato é que hoje pesquisadores, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas e toda a cadeia que compõem a Saúde está sendo levado ao extremo em suas habilidades técnicas, físicas e emocionais...estão vivendo em campos de guerra, sendo que a guerra não está acontecendo do lado de fora, o campo de batalha está dentro de cada pessoa contaminada pelo vírus e os médicos estão em guerra contra um inimigo novo. No mundo pós-pandemia muitos deles terão dado suas vidas pela de outras, alguns não conseguirão ultrapassar este tão grande trauma, outros estarão atordoados emocionalmente e todos, sem exceção, dos mais jovens (recém convocados e saídos da Faculdade) aos mais experientes, poderão ser considerados VETERANOS de Guerra.

    Para recomeçar em um Mundo Novo, em um NOVO NORMAL, precisaremos romper com algumas atitudes e pensamentos arraigados. O "novo normal" será um tempo mais contemplativo, mais melancólico com menos urgências na quantidade e sim na qualidade. Precisaremos buscar um equilíbrio muito maior entre o ter e o ser. Entre o social e o privado, entre o que é "MEU" e o que é nosso. Um novo olhar para a liberdade, para a convivência, para as belezas das pequenas coisas da natureza como a possibilidade de contemplar o mar, ou mesmo de trilhar uma montanha em grupo; de andar livremente e de poder respirar. "RESPIRAR é preciso!"  Parar também é  preciso!

    Este tempo de pausa (II) para pensar, em que toda a humanidade foi colocada na "cadeirinha do pensamento ou orientada a observar o pote da calma",  fará de nós seres humanos melhores para o nosso planeta? 

    Durante décadas ouvimos, vimos e participamos de um ataque destrutivo  ao Planeta Terra com a exploração irracional de seus recursos sem pensar no futuro. Agora, fomos colocados para pensar... O que fizemos? Fizemos o caos, espalhamos lixo até no espaço, destruímos ecossistemas vorazmente, extinguimos espécies, reduzimos ou prendemos outras em cativeiro, contaminamos o ar, a água e solo. Enchemos os oceanos com ilhas de plásticos, interferimos na atmosfera com o aquecimento global pelo uso de combustíveis fósseis, transformamos a camada de ozônio em uma peneira, matamos vários de nós de fome apenas por ganância. 

    Não, definitivamente, NÃO estamos vivenciando um castigo divino, estamos experimentando um pouco do mal que causamos ao planeta, tornamos refém de nossas velhas ações, do descaso ao saneamento, ao conhecimento, ao próximo... depois de um grande abalo sísmico, sempre ocorrem ressonâncias e abalos secundários. Depois que esta Pandemia passar, outras virão. Esta afirmação não é pessimista, é realista. 

    Vírus são parasitas capazes de mutacionar e "saltar" espécies. Eles existem e causam doenças não só aos seres humanos, mas em qualquer ser vivente. VÍRUS atacam bactérias,  plantas, animais, protozoários, fungos...nenhum ser vivo escapa de ter virose. Podemos usar todo o conhecimento expandido e acumulado nestes últimos seis meses para prever e agir de forma que não haja tantas mortes nas próximas pandemias. Precisamos investir em saúde e educação de forma intensificada , em pesquisas científicas de forma preventiva. Não precisamos esperar a segunda, a terceira ou a quarta onda desta Pandemia para nos conscientizarmos das nossas ações e reações diante de momentos como o que estamos vivenciando. 

    Somos uma única raça: a raça humana! É hora de nos enxergarmos como tal. 

E não somos os seres mais inteligentes do Planeta como nos denominamos Homo sapiens sapiens. Se assim fôssemos, não estaríamos brincando de cabo de guerra num momento como este. Estaríamos unidos, todos, sem distinção de cor, sexo, religião ou política contra o inimigo invisível da humanidade: o Coronavírus. 

    Precisamos deixar essa guerra de egos inflados de lado e lutar para salvar vidas. Todas são importantes. Precisamos vibrar sentimentos bons de solidariedade, bondade, empatia, amor ao próximo e harmonia.

     "Dividir para conquistar" é uma frase clássica em estratégias de guerra. O minúsculo coronavírus já descobriu isso e nós, que registramos isto em compêndios, ainda não conseguimos visualizar a estratégia usada para derrotá-lo: Juntos somos mais fortes! 

    O planeta é a nossa casa, a Terra é o nosso OIKOS, todos os que aqui vivem precisam ver-se como  parte do meio. Destruir o meio ambiente é destruir parte de nós, é comprometer o funcionamento do TODO pelo individual, territorial. 

    Para o vírus, não há fronteiras, nem divisas, nem  limites. 
        Não há Países, há hospedeiros. Estes somos Nós! 


    Hoje, 03 de Junho de 2020, Dia Nacional da Educação Ambiental, vamos repensar nossas ações na sociedade atual de forma crítica. Apropriando-se  de uma educação capaz de problematizar e transformar significadamente a sociedade. Uma Educação emancipatória e comprometida com o Futuro desta nova ordem Mundial
(Glaucia Esteves / Junho de 2020)

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