quinta-feira, 27 de março de 2014

OPINIÃO: POR QUE DIZER NÃO À LIBERAÇÃO DA MACONHA.‏


Achei muito interessante este texto de Mara Silvia Carvalho de Menezes, Presidente do Conselho Deliberativo da Federação de Amor-Exigente, e como compartilho desta mesma opinião, estou usando este espaço para divulga-lo.

POLITICA SOBRE DROGAS NO BRASIL E O AMOR-EXIGENTE.


Seguramente todos nós desejamos o que pode haver de melhor numa política sobre Drogas para o Brasil.

Por isso, nós do Amor-Exigente atentos e cuidadosos, há 30 anos, seguimos bem de perto o que acontece em diferentes países e localidades em relação a este assunto. Acompanhamos os diversos movimentos e experiências realizadas na Suíça, na Holanda, na Suécia... Acompanhamos a redução de danos no Reino Unido e, por último, a política de facilitação para observar o uso de drogas em Portugal, que segue sem conclusão segura.

Mesmo sendo o Brasil tão diferente dos países aqui citados queríamos aprender com eles. Era tudo muito novo! As pesquisas e achados, a médio e longo prazo, para nós, nos parecem de resultados improváveis.

Assim, lá atrás, no II Congresso Nacional de Amor-Exigente tomamos uma posição absolutamente contraria a qualquer tipo de facilitação de uso e/ou acesso a drogas, por falta de esperança de vermos confirmadas, com evidências reais, os resultados positivos obtidos por posicionamentos discordantes dos nossos.

Firmes continuamos a esperar.

Os Grupos de AE e os demais Grupos de auto e mútua ajuda que se opuseram a políticas mais liberais foram duramente criticados e apontados como um seguimento composto por gente desatualizada, atrasada. Éramos sumariamente afastados de oportunidades e de parcerias com instituições que colaborassem para o crescimento do serviço voluntário, àqueles que precisavam de apoio.

Fomos em frente mesmo assim.

- Por que hoje continuamos a dizer não a liberação da maconha?

- Por que sabemos o quanto ainda estamos despreparados para enfrentar os efeitos adversos das atuais drogas licitas, álcool e tabaco... Portanto, para que liberar mais uma?

Foram necessárias diversas e custosas medidas para diminuir o uso do tabaco cujos produtos de combustão e inalação causam tumores de pulmão, bexiga, pâncreas, doenças vasculares como infartos e gangrenas... E ainda assim, temos uma alta porcentagem de jovens começando a fumar.

O álcool, todos sabem, é a pior de todas as drogas! É a que mais mata e destrói pessoas pelo mundo afora. É muito difícil retroagir com estas duas drogas licitas... Por que liberar a maconha também?

Por que permitir que a maconha seja comercializada livremente e possa ser usada em qualquer ambiente? Isto vai aproximá-la ainda mais dos nossos filhos e netos. Eles terão livre acesso para experimentar e usar mais uma droga como já usam álcool e cigarro. Se estiver à mão, por que não experimentar, sentir seus tão alardeados efeitos... Não é assim que acontece a facilitação ao vicio?

A maconha não é melhor do que o tabaco, muita gente se prejudica com ela! Conhecemos bem a desagregação familiar causada pelo usuário dessa substância. A maconha provoca, também, mudanças e transtornos cerebrais, desde os mais simples até alterações graves e irreversíveis; traz o esquecimento, o alheamento no convívio interpessoal, distorção na interpretação da realidade, distúrbio de personalidade, podendo, em pessoas sensíveis, desencadear quadros de esquizofrenia, pânico e depressão... E, não podemos nos esquecer dos eventuais efeitos dos produtos de combustão e inalação similares aos padrões já conhecidos no cigarro comum.

Para nós mães, avós, familiares a maior dor é ver que nossos entes queridos se tornaram dependentes, porque está provado que a maconha causa dependência.

- Será que um dos seus, ao experimentar maconha, pode vir a ser dependente? Claro que pode!

E os dependentes tornam-se insensíveis, distantes, não se importam, não sentem nenhum afeto e passam a ter perdas irreversíveis no desempenho intelectual...

As famílias por sua vez vivem um medo permanente, medo por eles, medo deles; vivem a impotência diante da dependência química; o preconceito social; a perda do sonho de realização dos filhos.

Já não são os nossos filhos, são o que a droga fez deles.

Quanto ao trafico: dizem que não será preciso gastar dinheiro combatendo-o e a venda licita vai aumentar a arrecadação de impostos para o governo. Mas e o que se gastará no tratamento das doenças e dos problemas decorrentes do uso, não irá provavelmente, ultrapassar o ganho tributário?

- Vamos acabar com os traficantes?

- E as outras drogas, heroína, ópio, cocaína, merla, oxi, crack, LSD, ecstasy continuarão a ser distribuídas ilegalmente, ou serão também liberadas?

Em relação à maconha os traficantes certamente continuarão a vendê-la para aqueles que precisarem de doses maiores do que as disponíveis no mercado legal ou venderão para menores de idade que não puderem comprar nos stands credenciados para sua comercialização.

Temos pensado muito em tudo isto.

É a família que viu seus amados começando com o álcool, progredindo para a maconha e para outras drogas e destruindo suas vidas que clama por providências efetivas: precisamos de programas de prevenção às drogas nas escolas. É falha a educação sem informações adequadas que preparem nossas crianças e adolescentes para dizerem NÃO ao que pode destruir seus projetos de vida, seus sonhos.

A família sozinha não consegue defender e proteger os seus.

- Será que está em jogo apenas a liberação da maconha, ou estamos pondo em risco, também, o futuro de nossos jovens, o futuro do País?



Mara Silvia Carvalho de Menezes

Presidente do Conselho Deliberativo da Federação de Amor-Exigente.

2 comentários:

  1. Tudo muito novo o escambau. Maconha sempre foi consumida e vendida por milênios sem problema alguma, inclusive no Brasil, como "cigarros índios". Virou um "problema" quando no século XX resolveu tentar proibi-la. Aí criou-se o tráfico, espalhou-se corrupção, mortes que nunca existiriam, tudo isto sem o menor controle de qualidade e venda e o consumo só aumentando. Essas desgraças todas em troca de que mesmo? Os proibicionistas insistem neste cinismo...

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  2. Tudo é uma questão de opinião. ..como diz o titilo do post.

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